terça-feira, outubro 26


Sleep

These are a few of my Favourite Things

Raindrops on roses and whiskers on kittens
Bright copper kettles and warm woolen mittens
Brown paper packages tied up with string
These are a few of my favourite things
Cream coloured ponies and crisp apple strudels
Doorbells and sleighbells and shnitzel with noodles
Wild geese that fly with the moon on their wings
These are a few of my favourite thingsWhen the bee stings
When the dog bites
When I'm feeling bad
I simply remember my favourite things
And then I don't feel so sad"

Friend

Sabes que nasci no dia dos mortos? No mês em que a tristeza tem uma espécie de essência redentora. O outono que novembro traz tem sobre mim um efeito apaziguador, terno. Nada te digo, porque quero o melhor para ti, mas sem a tua presença, sem a paz que a tua voz me dá, sinto-me perdida, vacilante. Tu eras, és o meu porto de abrigo. Como posso eu ser eu sem ti?

segunda-feira, outubro 25


Nice Shop

O que se aprende nas aulas de código!!!

Onde estás?

@@@@

«Estamos aqui para aprender a viver em sociedade ao volante»

Esta foi a melhor frase que até agora ouvi, no tédio que constitui as minhas aulas de código
A minha instrutora (será este o termo técnico para designar a pessoa que nos ensina a viver em sociedade ao volante?) tem mesmo um sentido de humor um tanto quanto mórbido.

Borboleta

Tu fazes parte de um mundo em que as perguntas não têm resposta, em que os complementos directos não existem, em que o verbo apenas existe na solicitude de um momento e o sujeito é um ser guiado apenas por uma acção. Desvendar o teu corpo implica trazer-te para o meu mundo, sabendo que tu nele não tens substância. Tu és esse ser que eu inventei e que alimento ao nível do meu imaginário.

quinta-feira, outubro 21


Suzanne Vega

Picasso

Chove lá fora...

Poucas coisas restam. Resta muito pouco. Sinto pouco interesse pela normalidade da vida. Só me restam os livros e os sonhos e o cinzento das pedras. Interessa-me o lirismo de algumas coisas, de algumas imagens repletas de vida ou de tristeza. A tristeza da fatalidade comove-me. Respiro, entro em mim e procuro qualquer coisa, o sono que perdi, a esperança que abandonei ou a teimosia que se foi. Restas-me tu, mas tu já não moras aqui e quando acordo já não te encontro ao meu lado. Conservo o teu cheiro, nada mais. Nada mais tenho, nada que queira ter, só um largo tempo à frente que não sei como ocupar. Estou sozinha, sou uma partícula de poeira, demasiado pequena para provocar tempestades. Não consigo dormir porque a chuva cai no telhado, produzindo o som de pequenos estrondos. Imagino um gato lá estendido, a morrer de frio. Percebo que sou eu que está a esmorecer lentamente. A terra absorve-me, dos meus braços começam a nascer ramos. Criei raízes na minha solidão. Estou só. E a chuva continua a cair lá fora.

Uma casa vazia de ti

Uma das primeiras coisas que noto é o vazio das paredes. Encontram-se despidas de memórias, de afectos. Movimento-me numa casa estranha, ouço ruídos que não conheço, que não identifico como parte do meu dia a dia. Depois vem o silêncio, da rua, das pessoas, das paredes. Um silêncio estranho, brusco. Medito, mas não encontro afectos. A minha casa é um corpo estranho e virgem.

Where are you, my friend?

O que fazer com o tempo que passa? O que fazer com o tempo que não passa? A intimidade que tenho com o D é quase impossível de transferir para outra pessoa. Posso medir o grau de intimidade a partir do conforto que existe entre nós. Já sabemos os nossos pequenos truques, não temos necessidade de agradar, ou fingir. Sabemos como cada um reage em determinadas situações.
Há uns tempos atrás enviou-me uma mensagem que ditava o seguinte: «Loira, um dos benefícios de me dar contigo é que, todos os dias, sou enriquecido com uma nova expressão de pasmo, admiração e até, por vezes, incredulidade.... Inatel, does it ring a bell???» Achei lindo. Fez-me sentir uma loira, estilo Bridget Jones, meio maluca. Sorrio, sinto-me leve, como se entre nós houvesse um entendimento meio completo que se expressa nestas coisas.
Ele é, de certa forma, o meu equilíbrio, a minha leveza feita de algodão branco e voluptuoso. É o outro lado do meu denso rosto. Hoje sinto, particularmente, falta da sua presença suave e humorada; sinto falta dos seus gracejos, da sua leveza, daquele ‘loira’ amigável, símbolo da nossa intimidade. Aposto que ainda dorme, um sono pesado, esquecido durante a noite para ser relembrado com os primeiros raios da manhã.

quarta-feira, outubro 20


Imagem enviada pela Catarina

News from Viana

D

Tenho mesmo pena que as coisas com o J não estejam a funcionar, porque de certa forma sinto que investiste na tua relação com ele, quando foste para aí.
Acabei que ouvir uma conversa interessante na TSF, com o escritor/tradutor Frederico Lourenço, que por sinal é gay. Comprei um livro dele há uns tempos atrás: Grécia Revisitada. Vou citá-lo: «A escrita (em comparação com a leitura) não tem esse lado de prazer a 100%» E tem toda a razão. Isto para calar todos aqueles pseudo-escritores que acham que escrever é muito divertido... Escrever quando é real é colocar um espelho sobre nós, o nosso passado, os nossos labirintos pessoais. Como gostava de ter o background literário que este homem tem.
Hoje ia sendo levada pelo vento e pela chuva. Cheguei a casa gelada e com os pés molhados. Entrei pela garagem para não sujar o chão do corredor da entrada. Descalcei-me, subi as escadas e quando tentei abrir a porta que dá para a cozinha, descobri o raio da porta fechada à chave. Vociferei, gritei, zanguei-me com deus e o diabo e prometi a mim mesma que nunca mais entrava pelo raio da garagem e que se lixasse o chão, o corredor e em último caso a minha mãe, porque foi por respeito a ela que cometi o erro de ser uma boa samaritana. Como vês continuo loira. Há coisas que não mudam, mesmo quando o mundo lá fora se transforma num lugar estranho e ameaçador.

Caramel

Suzanne Vega
It won't do
to dream of caramel,
to think of cinnamon
and long for you.
It won't do
to stir a deep desire,
to fan a hidden fire
that can never burn true.
I know your name,
I know your skin,
I know the way
these things begin;
But I don't know
how I would live with myself,
what I'd forgive of myselfif
you don't go.
So goodbye,
sweet appetite,
no single bitecould satisfy...
I know your name,
I know your skin,
I know the way
these things begin;
But I don't know
what I would give of myself,
how I would live with myself
if you don't go.
It won't do
to dream of caramel,
to think of cinnamon
and long for you.

Straight

A Letter

Dear Friend

Parece que a década de noventa ocorreu há muito tempo atrás. Há tanto tempo que nem sequer me consigo lembrar de quem eu era em 1996. Estou a ouvir os GNR, numa espécie de homenagem a ti. Sim, tens razão quando dizes que são as pequenas coisas que nos sustentam quando nada mais sobra.
Sei que daqui a uma hora vou para a cama ver a série que passa na 2, sei que amanhã vou comprar o jornal e tomar café, de manhã cedo. Vou à aula de condução, nem que seja para me recordar que não percebo nada daquilo e que tenho que começar a fazer os testes o quanto antes. Sei que vou buscar o computador e se estiver com o Sérgio, vou-me chatear com ele concerteza. Mas no meio dos sorrisos e das arreliações que o meu monótono dia a dia produz, não consigo deixar de pensar que tudo isto é tão pouco. E não me refiro às coisas que podemos, pela nossa vontade mudar, mas sim aquelas que estão para além de nós, ou melhor que se encontram rentes à nossa pele, à nossa personalidade. Eu sei que não arranjo emprego porque não quero ou não me empenho, que não vou para fora ou investo no meu futuro académico, porque sofro de preguiça crónica. Mas por que raio não me deixa a minha personalidade depressiva e a minha falta de auto estima acreditar que as coisas mudam, que existe algum rapaz aí à minha espera, algum rapaz para me ajudar a carregar os sacos do supermercado? É aí, Raquel, é aí que as coisas não vão mudar. Refiro-me a essa facilidade nos relacionamentos e enamoramentos que muitos têm, mas que eu não tenho. Não vou ser feliz, porque duvido que encontre alguém, que me arrebata da minha medíocre existência. E claro que ninguém arrebata ninguém, porque não existem príncipes encantados, e porque tudo isso são sonhos de criança. Mas começo a achar que sem amor, ou paixão ou enamoramento a vida é simplesmente um grande vazio, que os livros, os sonhos e a esperança vão preenchendo. Sei que temos problemas existenciais e afins similares e sei tb que a vida, a nossa vida é em mto fruto da nossa inércia e que isso tem que mudar, porque realmente nada cai do céu e tenho a vaga impressão que atingimos o chão. Há um mundo inteiro à nossa espera. Raquel, temos de sair de casa... Sei que nada do que te possa dizer vai colmatar a solidão ou a angústia e que as minhas palavras são vazias e pobres. Mas acredita que sei o que sentes, porque eu sinto o mesmo. E como tu mesmo disseste são as pequenas coisas que nos sustentam.

Mil Beijos