segunda-feira, outubro 30

Londres, algures em Outubro

A nossa conversa fez crescer em mim o desejo de ouvir novamente o Jorge Palma, as músicas e versos cujos contornos conheço há anos. Os mesmos lugares comuns, como se o JP fosse uma almofada velha e confortável, cujas concavidades denunciam a extensão do meu rosto. Perco-me nele, na subtileza da música, no dinamismo, na tristeza e tranquilidade dessas canções que são como um corpo.

Hoje foi um daqueles dias calmos e longos, estendi-me sobre ele, com sonolência, deixando os meus pensamentos flutuarem nas tarefas domésticas que sou obrigada a realizar.

Mais uma vez ocorre-me pensar que todos os encontros na nossa vida servem para nos fazer pensar e reflectir. Como se o acto de viver cumprisse apenas uma função pedagógica. Existe, com ele experimentamos determinadas coisas, dessas experiências adquirimos alguma sabedoria. Mas no essencial das coisas tacteamos no escuro, sem saber muito bem como devemos reagir, o que sentir, como responder a isto ou àquilo. Quiçá serei capaz de sentir esperança ou arrebatamento. Se calhar essas grandes emoções me estão ocultas.

My Blue cat...