Que os sinos cessem de tocar, que o tempo cesse de escutar os deuses, que os rios cessem de correr, que as crianças cessem de lançar papagaios de papel, pois a luz foi-se. Que os pássaros cessem de cantar, pois este ano não haverá migração. Que os movimentos cessem, que as vozes se calem, pois o abstraccionismo dos sentimentos já não é possível. O peso da vida exige manifestações concretas e palpáveis, exige algo mais profano que uma simples intenção. O medo que me visita é sinuoso, possuiu tentáculos, qual tal o velho Adamastor, que costumava invadir os meus sonhos de criança. Paralisa-me, com os seus tentáculos espreme as minhas entranhas, visceralmente. Quero cair numa nuvem de algodão. Quero cair nos braços divinos de Deus. Onde estavas tu, no momento em que o chão me faltou? Nesse segundo de náusea e nojo onde estavas tu? Não te perdoo o silêncio e a distância, pois as coisas não tinham que ser assim. Onde estavas tu, quando o mundo se tornou sonoro de mais? Onde estavas tu, no momento em que confessei a mim mesma o porquê das ausências, em que me despia de corpo e alma, para ser apenas uma miúda, com uma capa nova nos braços? E sabes, sabes, sabes???? Do silêncio, do animal que ruge dentro de mim, que sabes tu?
quarta-feira, julho 7
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