quinta-feira, maio 20
O Sonho
Imagina que acabaste de ter um sonho. Imagina que sonhaste que eras uma borboleta. Agora imagina que acordas: tens a percepção que sonhaste. Ainda não sabes se acordaste, de facto, ou se continuas a dormir. Mas, na confusão do teu despertar eis que perguntas: quem sou eu? Um homem que acabou de ter um sonho em que era uma borboleta, ou uma borboleta que agora está a sonhar que é um homem? Vês como é frágil a linha que separa o oniríco da vigília? Será que essa linha existe, de todo? Perguntas qual é a importância de tudo isto? Perguntas, entre dentes, porque é que te falo de coisas que não consegues entender. Nem eu mesma sei. Não quero reduzir a minha complexidade à ilusão de achar que tenho alguma coisa para dizer, para te dizer. Falamos línguas diferentes. Eu falo em poesia e magia, de coisas que passam em mim, mas que não encontram eco em ti, porque não compreendes uma linguagem anterior à tua criação, porque não te interessa, porque no universo das coisas que nos dão forma eu sou água e tu és terra. Eu também te vou desiludir. Mas isso não tem importância, pelo menos para ti.
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