Quiçá este será o meu último mail para ti...
Quem sabe se o tempo que aqui passei não será esquecido num tempo feito futuro, num futuro feito dias? Quem nos garante que não será remetido para o compartimento da nossa mente que lida com as memórias, com os afectos, com a nossa ligação aos espaços, aos tempos, aos amuos e lamentações recipocras?
Quem saberá, porque quem pode saber o que o futuro nos reserva? O futuro feito dias quero dizer. Esse futuro rente, que nos corre no sangue, suspenso pela adrenalina da antecipação... esse futuro próximo cujo cheiro conseguimos sentir, cuja linha do horizonte conseguimos antever, mas que está sempre, um, dois, três passos à nossa frente.
Adiantará dizer que, o que esse novo tempo me trouxer, não me interessa? Que me interessa apenas este canto tranquilo, onde me sento todos os dias, com o teu rosto à minha frente? Adiantará dizer que esta noite na minha rua choveu de rompante? Adiantará de alguma coisa as palavras que já estão gastas e cujo sentido anda perdido no tempo? Sobra-nos a amizade, é certo. Essa linguagem silenciosa e cúmplice.
Envio-te quiçá o meu último mail e despeço-me assim, porque é assim que me relaciono com o mundo... ‘Um beijo e um adeus, vai dando noticias’ não chega para mim, não com a densidade mental e existencial, com que deus ou o diabo me dotou. Por não saber o que o futuro me vai trazer, porque não saber se o futuro me levará aos espaços por onde habitas e te moves, uso o correio para te enviar o meu beijo, o meu adeus e o meu ‘vai dando noticias’. Porque também te podia dizer tanta coisa, e ainda assim tanta coisa ficaria por dizer, digo-te apenas que conservarei na memória o teu mau feitio, o teu humor sempre tão volúvel e as tuas palavras. Porque este pode ser o meu último mail, porque a despedida pode ser só um beijo dado de rompante, roçando a pele... envio-te quem sabe o meu último mail.
domingo, maio 16
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