segunda-feira, outubro 30

Londres, algures em Outubro

A nossa conversa fez crescer em mim o desejo de ouvir novamente o Jorge Palma, as músicas e versos cujos contornos conheço há anos. Os mesmos lugares comuns, como se o JP fosse uma almofada velha e confortável, cujas concavidades denunciam a extensão do meu rosto. Perco-me nele, na subtileza da música, no dinamismo, na tristeza e tranquilidade dessas canções que são como um corpo.

Hoje foi um daqueles dias calmos e longos, estendi-me sobre ele, com sonolência, deixando os meus pensamentos flutuarem nas tarefas domésticas que sou obrigada a realizar.

Mais uma vez ocorre-me pensar que todos os encontros na nossa vida servem para nos fazer pensar e reflectir. Como se o acto de viver cumprisse apenas uma função pedagógica. Existe, com ele experimentamos determinadas coisas, dessas experiências adquirimos alguma sabedoria. Mas no essencial das coisas tacteamos no escuro, sem saber muito bem como devemos reagir, o que sentir, como responder a isto ou àquilo. Quiçá serei capaz de sentir esperança ou arrebatamento. Se calhar essas grandes emoções me estão ocultas.

3 comentários:

Anónimo disse...

Agenda artística de Jorge Palma actualizada em www.bloguepalmaniaco.blogspot.com
newsletter e informações: contactar ladoerradodanoite@hotmail.com

Anónimo disse...

Petons!
Que, no meu idioma estranho, quer dizer BEIJOS! :)

Anónimo disse...

En l'última hora,
partint dels meus,
sobretot si fos en una aurora
encalmada,
quan les estrelles es fonen en la claror rogent,
voldria salpar amb un navili de plata i de sàndal,
hissades les veles blanques,
vers les rutes d'aquest mar blavíssim
que tantes vegades he contemplat
des dels falls dels somnis.
Però no ignoro,
car sóc terra d'aquesta terra,
que el meu cos reposarà,
amb els darrers estertors i llàgrimes amargues,
amb els pacífics oblits
d'un vell cementiri entre dues muntanyes,
perdudes fronteres de la meva mort.

Felip Cid, Vint poemes i un càntic desolat (Barcelona: Emboscall, 2004)

Petons,
Enoch


Trad.: (traduzido perde muito, já sabes, mas quero que entendas)

Na última hora,
partindo dos meus,
sobretudo se fosse numa aurora
calma,
quando as estrelas se fundem na claridade vermelha,
desejaria zarpar num navio de prata e de sândalo,
hasteadas as velas brancas,
em direcção às rotas deste mar tão azul
que tantas vezes contemplei
do alto dos precipícios dos sonhos.
Mas não ignoro,
porque sou terra desta terra,
que o meu corpo repousará,
com os últimos estertores e lágrimas amargas,
com os esquecimentos pacíficos
dum velho cemitério entre duas montanhas,
fronteiras perdidas da minha morte.